E se eu fosse grande... talvez seria um presidente da República. Viveria em reuniões entediantes, comitivas com muitos bajuladores e, muitas pessoas me criticando. E se eu fosse grande... talvez um ator de novela. Vivia em baladas, multidões me pedindo um autógrafo, daria muitas reportagens, sairia em revistas de fofocas falando mentiras sobre mim.
E se eu fosse grande... talvez um cantor reconhecido internacionalmente. Faria quatro shows por dia, dormiria em uma cidade hoje e acordaria amanhã em outra. Viveria procurando um amor, mas... talvez me tornaria um viciado em drogas.
E se eu fosse grande... talvez fosse um grande empresário. Dormiria pensando em quanto meu dinheiro renderia no outro dia. Perderia mais ou menos quatro horas de sono por noite.
E se eu fosse grande... um grande artista plástico. Minhas composições se tornariam relíquias em cem anos. Arrancaria minha orelha ou morreria com uma doença incurável.
E se eu fosse grande... um inventor. Passaria dia e noite criando, criando... inventaria grandes maravilhas, mas morreria frustrado ou me suicidaria mais tarde, apesar de minhas invenções mudarem o mundo, a maioria delas seriam usadas para maltratarem as pessoas.
E se eu fosse grande... um anjo. É um anjo. Viveria a servir... não conheceria a dor, a fome, o desespero. Seria muito feliz, mas... mas... não conheceria o amor de uma mulher, a razão de beijos apaixonados, braços entrelaçados, um coração palpitando diferente...
É... prefiro ser pequeno... um pequeno escritor que escreve de maneira tímida e meio que acanhado.
Prefiro pisar na areia da praia.
Comer ata quando der vontade.
Andar à cavalo no mato.
Tomar banho de chuva.
Comer pizza nos finais de semana.
Tomar sorvete nos dias quentes e sopinha nos dias frios.
Prefiro espirrar e tomar meus antitérmicos antes de dormir com meu chazinho de eucalipto.
Fazer churrasco e convidar uns amigos pra jogar conversa fora.
Ir à igreja aos domingos.
Ler meus livros de crônicas e poesias.
Ouvir músicas instrumentais.
Visitar a família e dar beijos no papai e na mamãe.
Ser reconhecido por poucas pessoas e querido por elas.
Ter amigos verdadeiros.
... E, viver ao lado de quem se ama, a vida inteira...
Diante de minha pequenez, descobri que sou tão grande que não caibo dentro de mim... de tanta felicidade... Sou grandão... bem grandão...
Por Eudivan Teixeira
(Ouvindo Amada Amante RC – ao som de Piano “Eduardo Lages”)